segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Newsletter 35. Poios…

Imagem da ilha da Madeira, os poios são um traço definidor da paisagem agrícola. Esculpidos nas montanhas, desenhos [quase lineares] de basalto sustêm as terras, separam as culturas, organizam o olhar e a propriedade.
Raimundo Quintal descreve-os como “imensas escadarias” construídas por artistas anónimos que pacientemente aparelharam os blocos de rocha vulcânica, levantando muros capazes de (…) suportar solos férteis e de impedir a sua erosão”; chama-lhes “tabuleiros” que dão frutos e hortaliças. Para o visitante, os socalcos enverdecem, assim, as montanhas e atenuam-lhes a bruteza, adoçam as penedias basálticas das serras, são objeto de admiração, na medida em que revelam a coragem do ilhéu, do vilão, para conquistar o abismo, a palmo: “ o vilão tem calos nos pés”, escreve Ernesto Leal. Propomos, assim, um olhar sobre o poio. Ou os poios.
 Propomos abrir debates. Fazer perguntas. Propomos perceber a relação da paisagem com o homem, com a sua forma de ser e de entender o mundo e as coisas. Propomos ver a forma como o poio se escreve na literatura, o que dele dizem os estrangeiros. E como define [se é que define] os ilhéus que somos.

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