quarta-feira, 10 de julho de 2013

MADRINHA DE GUERRA...



Episódio 3: o regresso

 

Continuaram, porém a corresponder-se. Quando ele voltou , levou-a  a conhecer os miradouros bonitos de Lisboa, sempre com muito respeito. Um dia, tiveram de se recolher debaixo de uma árvore, porque começou uma chuva de granizo, ela sacudiu-lhe o  casaco e  ela entendeu que aquele rapaz se tinha apaixonado por ela. E teve medo. E deu-lhe a entender que não.

Continuaram a encontrar-se: ele ia buscá-la ao comboio, iam lanchar juntos a uma confeitaria, conversavam. Era um homem ciumento, o Guerrinha, ou o Jonas. E ela não queria para si um homem que a impedisse de olhar , de falar, de rir...  

Depois, deixaram de se ver. M. G. tinha alugado um quarto numa casa de familia. Às vezes, o telefone tocava , perguntava por ela e ninguem falava.

- só podia ser ele. eu não conhecia mais ninguém.

M.G. escreveu-lhe, então,  duas cartas para a casa dos pais: uma, zangada e outra mansa. Dizia que queria ser amiga dele, que não se sentia bem em ser uma pessoa zangada, porque lhe tinha dedicado o seu tempo. Que ele escolhesse uma das cartas, que qualquer delas identificava a sua personalidade e a sua maneira de pensar.

Um dia, recebe a resposta. Pedia-lhe que o deixasse crescer, que não havia de demorar muito tempo.

Ela não gostou dessa conversa. Ela já percebera que ele gostava dela, que tinha boa intenção, mas estar ali tão perto e não se verem – ela que estava sozinha em Lisboa ...

Um dia, marcaram encontro no Cais do Sodré, para irem almoçar a casa de um irmão que vivia na outra banda. Ela inventou uma desculpa e não foi.

Veio embora para a Madeira e não lhe disse nada. Um dia, vinha da praia, em Câmara de Lobos, viu-o. Ficou tão atrapalhada, tão aflita, não sabia se falava ou não:

- Olhei para as Rochas do Rancho, para o Rancho, para o Cabo Girão, passei por ele como se não o conhecesse. Ela subiu e não voltou a olhar para trás.

Passados anos, ele casou-se, ela também. Não sabiam um do outro.

Num  1ºde janeiro, de manhã, M. G. recebe um telefonema. Reconheceu a voz. Era o Jonas. Olhou para cima e viu o marido na escada. (ri) Já era casada e tinha filhos.  Perguntou-lhe como tinha conseguido o seu número de telefone. Explicou: tinha ligado para a Madeira e a mãe dela tinha dito que ela estava no Porto .

Contou-lhe, então,  que se tinha casado, que tinha 2 filhos e que estava divorciado . Ela disse que se tinha casado também.

Se podiam voltar a ser amigos? Não. Ele continuava a manifestar a mesma insegurança da juventude. Nunca mais se viram.

Sem comentários:

Enviar um comentário