segunda-feira, 11 de março de 2013

Uma guitarra


 
A história de hoje, traz fado dentro. Pela voz da filha, conhecemos a história de João - jardineiro da Câmara, nos anos 40, plantador de flores e de sonhos.

Já casado, decide partir para a Venezuela, à procura de futuro. Tem lá um irmão que o manda chamar. .. Pede, então, dinheiro ao tio padre, para a viagem. Tinha de passar em Lisboa por causa do visto. Mas o visto demorou. Demasiado tempo.

E o dinheiro para se manter em Lisboa – por mais humilde que fosse a pensão – acabou. Era preciso mais uma remessa. Escreveu, então, uma carta que chegou ao destinatário uma semana depois. Demasiado tarde.

Não havia outra solução, senão vender um dos dois valores que levava: a aliança do casamento ou a guitarra. Vendeu a..... aliança.

Ele morreu, mas a  guitarra permanece. Sentada . Ainda guarda a mesma corda que lhe abraçou as noites duras dos primeiros tempos em Venezuela:

- o meu pai tirava areia de um rio e dormia sobre sacas, mas nunca deixou de cantar o fado.

A vida mudou. Como outros emigrantes, João construiu a vida. Levou consigo a familia. Conheceram treze casas. Porque à procura do lugar melhor. Sempre de passagem.

O seu lugar era aqui. E voltou. Para ficar. Logo que pôde, comprou outra aliança. Mas  foi fiel à guitarra. E ao  fado. E à família. E ao seu lugar. 



A guitar


Our tale of today tells about Fado. Joao´s daughter remembers her father so well – a gardener, who during the 40s, went away chasing his dreams.

He was already married when he decided to leave Madeira. He wanted to go to Venezuela because he had already a brother there. He asked for a loan to one of his uncles, who was a priest. João had to stop for some days in Lisbon waiting for the visa.

The days passed and he spent all the money. He wrote a letter back home asking for more money but it took too long to get to Madeira.

He had no other choice. He needed money desperately and the solution was either to sell the wedding ring or the guitar. He decided to sell ….. the wedding ring.

João is already dead. His daughter still keeps his guitar … the one that helped him endure the long and harsh nights in Venezuela:

-          My father used to work in the river…. he collected sand…. and he used to sleep on the top of the sand sacks … and he never stopped singing Fado.

Life has changed. Like most of Madeira emigrants, João struggled hard to build his own life. He sent for this family after a while. They were always on the move: they have lived in 13 different houses… always rolling.

But he belonged here and so he came back. As soon as possible, he bought another wedding ring. He never ever sold his guitar, though. Nor will his daughter!!

 
 
 


 
 




 

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